terça-feira, 3 de novembro de 2009

Origem do Karatê-do

Karate-do, arte marcial oknawense, tem sua origem no século V em um mosteiro indiano. Conta-se que os monges, sem qualquer preparo físico, eram constantemente saqueados e mortos por bandidos e ladrões; buscando defesa, os religiosos preparam um intenso treinamento físico e, baseando-se em técnicas de luta indianas e de outros povos e observando movimentos de animais, criaram uma seqüência de dezoito movimentos. O monge Zen-Budista Bodhidharma (chamado Tamo pelos chineses e Daruma pelos japoneses) viajou da Índia à China para ensinar o budismo aos monges chineses no templo de Shao-Lin-Su, onde, necessitados de algo para fortalecer os seus corpos fragilizados pela meditação intensa, dedicaram-se ao aprendizado dos dezoito movimentos trazidos por Bodhidharma. Essa técnica logo se difundiu pela China e foi, aos poucos, sendo testada, aplicada e complementada por novos mestres, dando assim, origem ao Kempo Shaolin, também chamado de Kung-fu.

Estas Técnicas foram aos poucos sendo passadas da China para outros países asiáticos e influenciaram a suas respectivas artes marciais. Em Okinawa o kempo foi misturado com a Okinawa-te (arte marcial nativa) originando o nosso karate-do.

Okinawa é a principal ilha do arquipélago RyuKyu, formado aproximadamente por 70 ilhas, localizado entre a ilha de Taiwan e o Japão. Okinawa pertence hoje ao Japão, mas antigamente Okinawa (Ryukyu) se subdividia em três : “Hoku San”, “Chu San” e “Nan San” e cada uma formava um governo autônomo, mas em 1429 foram unificadas pelo Rei ShoShin de “Chu San” em um só Reino de Ryukyu e, o governo com finalidade de preservar a estabilidade do Reino por longo tempo, adotou a política de proibição da posse de armas, na época do Rei ShoShin. Esta proibição proporcionou um grande desenvolvimento do “te” e também do kobudo (usando utensílios de pesca, agricultura e da vida cotidiana para combate).

Entre os séculos 14 e 15, na “Era dourada do Comércio”, Okinawa se transformou num grande centro de comércio entre a China e os países Sudeste Asiático. Em conseqüência, as relações diplomáticas, culturais e comerciais se estreitaram entre Okinawa e os países do Sudeste Asiático principalmente a China e graças ao fluxo de pessoas (monges, soldados, comerciantes e imigrantes) e de cultura entre Okinawa e a China, o Okinawa-te foi enriquecido pela arte marcial chinesa (chugoku kempo) e outras artes marciais vindas do exterior, como a de Taiwan. Desta forma a arte de luta foi transformada e começou a ser chamada de To-de ou To-te. A palavra “To” representava primeiro a dinastia Tang, da China, e posteriormente passou a representar a própria China; To-de significava, então, “mão chinesa” devido à grande influência do Kempo sobre esta arte marcial okinawense (Okinawa-te).

Em 1609, na invasão de Okinawa pelo Japão (clã Satsuma), além de diversas condições como um imposto de arroz, foram proibidos o uso e a posse de armas. Aqueles que fossem encontrados portando armas seriam executados. Isso causou um fator inevitável para o desenvolvimento de “te” (karatê) como arte de defesa pessoal.


Por muitos anos os Okinawenses cumpriram religiosamente os termos do acordo. Ninguém andava armado, mas se iniciou a prática de uma forma de luta sem o uso de armas de qualquer espécie. Isso porque o senhor de Okinawa, vendo seu povo indefeso começou a enviar membros de sua confiança à China, onde sabia existir diversas formas de luta com mãos vazias. E aos poucos o Karatê foi se formando; a arma era o próprio corpo do lutador, e isso não contrariava de forma alguma os termos da rendição.


Pela conversa dos anciãos, os samurais de Okinawa (praticantes de karatê) se escondiam dos olhares de outras pessoas durante o dia e, treinavam à noite secretamente, longe de lugares habitados, dentro de matas, de montanhas, para aumentar seus golpes de punhos, tendo como parceiro de treinamento a natureza, tais como árvores e rochas.


Com a tradição de várias épocas, os samurais de Okinawa acrescentaram à capacidade de “te” os elementos espirituais como boas maneiras de conduta e educação, se esforçando para o estabelecimento do caminho da arte marcial “Budo”, e o desenvolvimento para o atual “karate-do”.


Um dos principais mestres conhecidos dessa forma de luta com mão vazia foi Shugo Sakugawa, que viveu entre 1733 e 1815, e que obteve grande parte de sua formação de um monge chamado Peichin Takahara. Sakugawa teria ensinado seu estilo a Sokon Matsumura, um dos maiores mestres que já existiram.

Sokon Matsumura

Três principais centros de treinamento cresceram em Okinawa, no decorrer do século XVIII; um deles situava-se na antiga capital, chamada Shuri onde a realeza e os nobres viviam; outro em Naha, uma cidade portuária. A partir daí cada uma dessas cidades passou a desenvolver seu próprio estilo, distinto dos demais. Cada “estilo” adotou o nome da cidade onde estava sendo desenvolvido. Assim surgiram o Shuri-te , o Naha-te e o Tomari-te.

Shuri-te


Por ser ensinado na cidade de Shuri, o estilo Te de Sakugawa ficou conhecido como Shuri-te. Sokugawa tinha quase 70 anos quando um jovem chamado Sokon Matsumura começou a treinar com ele. Matsumura revelou-se o melhor aluno que Sakugawa já produzira, e depois da morte deste, tornou-se um dos mais proeminentes instrutores do Shuri-te. Foi uma influência que deu ensejo ao surgimento da maioria dos diferentes estilos de Karatê praticados hoje.

Tomari-te


Tomari localizava-se próximo à pequena aldeia de Kumessura, habitada por milhares de militares que possuíam habilidades em várias artes de combate. Entre essas habilidades incluíam-se as artes "externas", advindas dos templos Shaolin e os sistemas "internos" que traçavam sua origem em outros locais.

Enquanto o Shuri-te foi influenciado quase que exclusivamente pelo estilo mais duro (Shaolin externo), o Tomari-te incluía uma mistura de sistemas internos e externos.

Um dos primeiros mestres reconhecidos em Tomari-te foi Kosaku Matsumura, que ensinou o estilo com o máximo de sigilo. Assim, somente uns poucos alunos de Matsumura conseguiam se tornar proeminentes o suficiente para passar o estilo adiante. Outro importante instrutor de Tomari-te foi Kokan Oyadomari, cujo motivo para fama foi ter sido o primeiro instrutor do grande Chotoku Kyan.

Naha-te


Dos três principais estilos de Okinawa da época, o Naha-te foi o que mais influenciou e recebeu influência dos sistemas internos da China, e o que menor contato teve com a tradição externa Shaolin.

O maior mestre de Naha-te foi Kanryo Higashiona. Há evidências de que Higashiona tivesse tido lições de Matsumura (shuri-te), mas por curto período de tempo. Higashiona era ainda bem jovem quando se mudou para a China, onde permaneceu por muitos anos. Quando retornou à Naha, abriu uma escola que enfatizava técnicas respiratórias dos estilos chineses. Higashiona teve muitos alunos que acabaram por se tornar famosos por seus próprios esforços e por seus próprios méritos, como Chojun Miyagui e Kenwa Nabuni. Com o passar dos anos o Shuri-te e o Tomari-te evoluíram no estilo Shorin Ryu.


O Shuri-te era um estilo considerado como derivado do “Shaolin externo”, bastante explosivo e rápido. O Naha-te era um estilo forte e enfatizava a respiração e, como tal, foi descrito como “Shaolin interno”.


O “Shuri-te” era chamado de escola Shorin (versão japonesa da palavra Shaolin) e “Naha-te” de escola “Shorei”. Na época de seus melhores discípulos, a escola “Shorin” (mata luminosa) foi denominada de escola “Shorin” (mata pequena) pelo professor Choshin Chibana (falecido) e a escola “Shorei” denominada “Goju” pelo professor Chojun Miyagui (falecido) e assim continua até hoje.


Foi na época de Matsumura que “Shuri-te” e “Tomari-te” se mesclaram num só estilo. Um dos maiores expoentes do recém formado estilo foi Yatsutsume (Anko Itoso), que também foi um dos melhores alunos de Matsumura.

Anko Itosu

Choshin Chibana

Fonte: trabalho do colega João Luiz Vilar

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